AUTORES

CATAR FEIJÃO


Catar feijão se limita com escrever:
jogam-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na da folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo:
pois para catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.

Ora, nesse catar feijão entra um risco:
o de que entre os grãos pesados entre
um grão qualquer, pedra ou indigesto,
um grão imastigável, de quebra dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.

João Cabral de Melo Neto

ELE COMEÇOU A ESCOLHER OS GRÃOS…

ANDRÉ DE LEONES (Goiânia, 1980) é autor do romance Hoje Está um Dia Morto (Record, 2006), vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2005, do livro de contos Paz na Terra Entre os Monstros (Record, 2008) e do romance Como Desaparecer Completamente (Rocco, 2010). Mais AQUI.

ELES TENTAM COLOCAR ORDEM NA COZINHA…

DANIELA MENDES: nasceu no Rio de Janeiro em 1975, mas não é carioca. Foi baiana aos sete e perdeu a baianice em Roraima, onde descobriu o prazer de ler. Com quinze anos veio para Cataguases, Minas Gerais, onde aprendeu a ser “moderna”. Mas o que ela ama mesmo é a barroquice, que aprendeu em São João Del Rei. E por isso tudo (em estar no estado que reúne as maiores expressões canibalistas da cultura brasileira), hoje, residindo em Juiz de Fora, cidade entre-lugares (MG/RJ), decidiu ser mineira como o resto da família.
Ah, ela tem mania de se fantasiar de Colombina só para viver as histórias que inventa. Vez ou outra coloca também suas histórias na livraria do não escrito, bem aqui.

WESLEY PERES, até que provem o contrário sou eu, escritor, autor de:

  • Romance: Casa entre Vértebras (Record, 2007).
  • Poesia: Palimpsestos (Editora da UFG 2007); Rio Revoando (USP/Com-Arte 2003)  Água Anônima(AGEPEL, 2002).

Também sou Psicanalista, doutorando em Psicologia Clínica e Cultura pela Universidade de Brasilia (UnB). Moro na Catalunha-Goiás, sou obcecado por Beckett, por Campos de Carvalho, por café e outras coisas inconfessáveis. Dois axiomazinhos orientam minha vida: “O auto-conhecimento é sempre uma má-noticia” e “A realidade é uma perturbação provisória causada pela ausência de álcool. Mantém o blog Diários da Catalunha. Pode ser encontrado também no Núcleo Travessia e no Vida Miuda. E só.

ESTÃO CATANDO FEIJÃO…

DANIELA DOS SANTOS sempre preferiria ter feito outra coisa, ter escolhido o contrário, ter dito outra coisa de si mesma. Mas há coisas que são certas: nasceu da Cyda, em Silvânia, foi registrada no dia errado, nunca soube respirar direito, viveu em Anápolis e hoje habita uma zona rural. Nunca soube escrever. Está imensamente feliz por estar com o nome no mesmo lugar que esse tanto de gente grande

DHEYNE DE SOUZA nasceu em Cristalândia-TO, com dois anos foi encaminhada para Vianópolis-GO, onde só calava a boca diante da família escancarada quando levada para debaixo das árvores, como conta sua mãe, uma pouco mais descansada, agora. Depois de ter aprendido bordado, crochê, tricô, ler, bicicleta, digitação, vôlei, serviço público e ter sido apresentada para a sociedade por meio da famosa “festa de 15 anos”, conseguiu se mudar para Goiânia, onde permanece em por enquanto. Dheyne às vezes fala, quase nunca de forma audível e às vezes ri muito, inclusive de si mesma, inclusive é muito engraçada, embora. Dheyne às vezes é bacharel em literatura, às vezes fez letras, às vezes nada. Sempre escreve e voltou a desenhar. Não gosta de comer. Ela faz planos, dorme e cai. Fala com vacas. Dheyne sustém um blog. Seu email é dheyness@gmail.com.

ERWIN MAACK, carioca paulistanizado de ascendência sírio-alemã (sim, é possível), passeia por enciclopédias e escreve contos. Pode ser encontrado também http://havesometea.net/NonLiquet/

GERUSA LEAL nasceu em Recife, Pernambuco, em 1954, e criou-se entre os arrabaldes da veneza brasileira, os descampados de Brasília e as ladeiras de Olinda, cidade donde, hoje, vê o mundo. A formação acadêmica é em psicologia que, no entanto, não exerce já há um bom tempo, paixão que se deslocou para a literatura enquanto expressão criativa. É autora de poemas e contos, alguns premiados, publicados em diversas coletâneas impressas, suplementos culturais e gazetas, blogs e sites, e em 2006 foi vencedora do prêmio Edmir Domingues de Poesia da Academia Pernambucana de Letras com o livro Versilêncios, já saindo das gráficas. Mais AQUI, AQUI, AQUI e AQUI.

Um dos representantes da Vila Aurora no mundo, LEANDRO RESENDE, goianiense, 32 anos, estudou jornalismo (UFG) e economia (FACH). Trabalha/ou como assessor de comunicação de várias empresas e entidades, e como jornalista na área econômica desde 1998. Primeiro no Diário da Manhã, até junho de 2001, e, desde então, no jornal O Popular, onde também publica contos e crônicas semanalmente no Magazine. Publicou, em 2005, Útero (contos) e Uísque, Valium e Uva (poemas e fotos), e, em 2007, Juceg, Uma História Centenária . Também ganhou uma meia dúzia de prêmios Sesi de literatura e um de jornalismo econômico. Teve o conto Um Morto na Sala adaptado para o cinema (curta-metragem) pelo diretor Robney Bruno. É idealizador, membro-fundador e presidente de uma entidade que ainda vai dar muito certo (Núcleo do Livro), que busca ampliar a inserção do livro na vida das pessoas. É só.

LÚCIA BETTENCOURT: Nasci num remoto dia de fevereiro. Depois cresci, entre histórias de Chapeuzinho Vermelho e Lobos Maus. Mudei de histórias, naveguei na contramão da História e fui parar em Portugal, onde casei. Voltei, pois aqui é meu lugar, mas, com a cabeça no ar, fui estudar Literatura — um vício do qual não consegui me libertar. Sonho acordada, mas durmo como pedra, insensível. A Literatura sustenta meus devaneios, e vivo meio solta, barco sem âncora, ao sabor das marés. (Lúcia é autora de A Secretária de Borges (Record, 2006), volume de contos vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2005. Também venceu mais dois prêmios: o I Osman Lins de Contos, de 2005 e o Josué Guimarães, obtido na Jornada de Passo Fundo em 2007. Publicou também um outro livro de contos pela editora Record Linha de sombra, em 2008. Mantém o blog Nadanonada e colabora com a revista Rascunho

MAURÍCIO MELO JÚNIOR é jornalista e escritor. Pernambucano, mora em Brasília, onde há seis anos apresenta o programa Leituras, dedicado à literatura brasileira, na TV Senado. Escreve resenhas para o jornal O Rascunho, de Curitiba. Durante dez anos foi crítico literário e repórter de cultura do jornal Correio Braziliense. Tem treze livros publicados. O mais recente é Andarilhos, um volume com duas novelas.

NEREU AFONSO DA SILVA nasceu em 1970, em São Paulo. Formado em Filosofia pela USP, enveredou para o teatro. Foi um dos Doutores da Alegria. Hoje vive na França, onde escreve, dirige, atua e leciona para o teatro. Venceu o Prêmio Sesc de Literatura 2006 com o livro de contos Correio Litorâneo (Record, 2007). Mantém o blog Bombyx (LiTeatruras).

SUSANA FUENTES nasceu no Rio de Janeiro, RJ. É autora do livro de contos Escola de Gigantes (7Letras, 2005). Escreveu a peça teatral Prelúdios: em quatro caixas de lembranças e uma canção de amor desfeito, encenada em Fortaleza, CE (Teatro do Dragão do Mar, 2008) e no Rio de Janeiro, RJ (Casa de Cultura Laura Alvim e Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto, 2009). É doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, 2007). Tem contos publicados nas revistas E (SESC São Paulo) e Ficções (7Letras), e participa da antologia Como se não houvesse Amanhã – 20 contos inspirados em músicas da Legião Urbana (Record, 2010). Clique AQUI para acessar o blog da autora.

ESTIVERAM POR AQUI

HENRIQUE RODRIGUES nasceu no Rio de Janeiro em 1975. Formado em Letras pela Uerj e mestre em Literatura pela PUC-Rio, coordena projetos nessa área. É co-autor do livro Quatro estações: o trevo (1999, edição do autor), tendo ainda publicado textos em periódicos, como a revista Poesia Sempre. Participou da coletânea Prosas Cariocas: uma nova cartografia do Rio de Janeiro (Casa da Palavra, 2004). É autor de A Musa Diluída (poemas, Record, 2006) e de Versos para um Rio Antigo (poemas, infantil, Pinakotheke, 2007). Mantém o blog Fullbag.

MAURÍCIO DE ALMEIDA nasceu em Campinas, em 1982. É autor de Beijando Dentes (Ed. Record), livro de contos vencedor do Prêmio Sesc de Literatura 2007 e co-autor da peça Transparência da Carne, encenada pelo grupo teatral República Cênica. Mais informações: www.mauriciodealmeida.blogspot.com

PRISCA AGUSTONI: Nasci em 1975, em Lugano, Suíça. Aos dezoito anos mudei-me para Genebra, onde me licenciei em Letras Hispânicas e Filosofia. Nessa cidade integrei uma companhia de teatro experimental com a qual montamos espetáculos a partir de textos de autores italianos, tais como Dante, Pasolini, Pirandello e o futurista Marinetti. Também em Genebra organizei tertulias no espaço cultural iberoamericano da cidade. Sempre em Genebra, aprendi a conviver com as várias pessoas que estão em mim e que se expressam em diferentes línguas (italiano, francês e espanhol) ou de diferentes maneiras, através da fotografia, da pintura e da dança. Nessa cidade nasci uma segunda vez. Desde 2002 moro no Brasil, em Minas Gerais, onde passei a escrever, pensar e sentir o mundo também em português. No momento leciono literatura brasileira e língua francesa na Universidade Federal de Juiz de Fora,após quatro anos dedicados à pesquisa de doutorado em Letras, na PUC-MG. Sou tradutora e colaboro com diferentes revistas literárias tanto no Brasil quanto na Itália, Suíça e Portugal. No Brasil, publiquei quatro livros de poemas, e é de 2006 meu primeiro livro de contos, A neve ilícita (São Paulo : Nankin). Também sou autora de contos infanto-juvenis, tendo publicado, entre outros, o livro O colecionador de pedras, ilustrado pelo artista plástico André Neves. Como autora em trânsito entre várias culturas, tento tecer elos que possam unir minhas experiências àquelas das pessaos que conheci, nos diferentes lugares onde vivi e por onde passei. Por isso, comigo vieram para o Brasil as leituras fenomenológicas da época da faculdade, os livros de Sartre, Camus e Pizarnik comprados nos sebos ginebrinos, os muitos livros de literatura cubana, colombiana, peruana, haitiana, ganhos ou trocados com amigos exilados na cidade francesa. Comigo vieram as noites de novembro, cinzentas, bem escuras, quase londrinas, a encobrir, por instantes, a luminosidade do céu sobre Minas Gerais.

Barriga-verde que adotou e foi adotada pelos cariocas, RONIZE ALINE nasceu em 1970 numa cidade fundada sob o signo da águas: do encontro de três rios nasceu Rio do Sul, fadada a conhecer tantas vezes a fúria das enchentes. Armou-se de muito filtro solar, saiu dos rios e trouxe sua pele muito clara – herança da mistura entre alemães, italianos e portugueses – em direção ao mar. Desde muito cedo se acostumou a ver o pai lendo alguma coisa, daí a vontade imensa de se entregar logo àquela aventura que parecia a seus olhos de criança tão prazerosa. Por causa dele, lê. Sua mãe, por outro lado, é afeita a contar histórias. Não sabe se a vida lhe presenteou com casos interessantes ou se é a sua capacidade de narrar que transforma esses casos em histórias encantadas. Por causa dela, escreve. De sua certeza em nunca querer parar de escrever, graduou-se em jornalismo. Depois fez pós-graduação em Assessoria de Comunicação e Mestrado em Relações Internacionais. Atualmente faz seu doutorado em Engenharia de Sistemas e Computação. Trabalha como professora universitária, jornalista free-lancer e colabora com o suplemento literário Prosa&Verso, do jornal O Globo. Tem contos publicados no site Paralelos e teve seu conto A senhora da primeira fila entre os vencedores do concurso sobre Luís Fernando Veríssimo promovido por Paralelos e Portal Literal, em 2004. Suas palavras, pensamentos, idéias e tais podem ser espiados no blog Palavra&Tal. Acostumada a gestar personagens de ficção, pela primeira vez está se deliciando com a arte de gestar um personagem de carne e osso.

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